Na Semana do Meio Ambiente, O Fórum Permanente do Abaeté faz um convite para uma caminhada, no próximo sábado (08) em todo o entorno da Lagoa sagrada, a fim de conhecer os impactos da ação humana e, ao mesmo tempo, reverenciar os mistérios desse lugar, que escapam ao domínio do humano.
As Caminhadas Patrimoniais em Defesa do Abaité, iniciadas em abril de 2022, são experiências imersivas que promovem a cosmopercepção dos conflitos e da riqueza natural do Abaeté. Tais experiências resultarão numa cartografia autodemarcatória, um documentário e um e-book, que serão publicados no final de 2024.
A próxima edição será realizada pelo Coletivo Nosso Quilombo em parceria com professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal da Bahia (Pós-Geo/UFBA) e estudantes de Geografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
“É tempo de aprender lições profundas com este importante sítio natural sagrado de Salvador, em deslocamento e ação coletivas”, destaca o grupo no convite feito à comunidade.
Os estudantes de Geografia da UERJ irão construir um material audiovisual com intenção de fortalecer a atuação dos movimentos socioambientais articulados na defesa do território. Ao final da Caminhada, será realizado um momento Griô, embaixo da sombra da Árvore do Tempo (na entrada da Lagoa), com mestres e mestras da Cultura Popular de Itapuã.
Convite para Caminhada Patrimonial deste sábado (08) / Imagem: Aju Paraguassu (@aju.paraguassu)
Proteção e pressão imobiliária
A lagoa de águas escuras cercadas de areia branca, imortalizada na canção de Dorival Caymmi é o epicentro de uma biorregião de Restinga e Mata Atlântica, que envolve as localidades de Itapuã, Jaguaribe, São Cristóvão, Bairro da Paz, Mussurunga, Stella Maris e Aeroporto, em Salvador. Também reúne uma rede patrimonial, em processo de reconectividade, com outros parques, áreas verdes e Unidades de Conservação de Salvador e Região Metropolitana de Salvador (RMS).
No final da década de 1980, o governo do estado da Bahia criou a Área de Proteção Ambiental (APA) das Lagoas e Dunas do Abaeté, com aproximadamente 1.800 hectares. Em 1993, um novo decreto do governo do estado redelimitou a área e a dividiu em Zona de Preservação Permanente (ZPP) e Zona de Ocupação Controlada (ZOC).
A área vem sofrendo uma forte pressão da especulação imobiliária, sendo tratada como zona de expansão urbana da capital. Além dos grandes empreendimentos de luxo que avançam sobre as praias e dunas, também o aeroporto de Salvador, localizado nos limites do parque, é vetor de pressão sobre a área.
Como participar da caminhada
A próxima edição da Caminhada Patrimonial acontece neste sábado, 08 de junho, a partir das 7h, com concentração em frente ao busto de Mãe Gilda, no Parque do Abaeté. A organização solicita uma colaboração no valor de 25 reais. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail [email protected]
Edição: Gabriela Amorim