Paraíba

ECONOMIA

Dados do IBGE apontam que o PIB da Paraíba saiu da 18ª posição para a 10ª posição entre os estados do Brasil em 2021

Economista Lucas Milanez analisa: “Os dados não determinam se a pobreza diminuiu, mas sim que se produziu mais riqueza”

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
Reprodução - Foto Reprodução

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou esta semana que o PIB da Paraíba saiu da 18ª posição em 2020 para a 10ª posição entre os estados do Brasil em 2021, registrando um aumento maior que a taxa de crescimento nacional.

No comparativo com os estados do Nordeste, a Paraíba continuou na 4ª posição, porém a taxa de crescimento aumentou 9,9 pontos percentuais, taxa superior à da região Nordeste (4,3%) e a do Brasil (4,8%).

O estado gerou um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 77,470 bilhões em 2021, após um incremento nominal de 7,178 bilhões, ou seja, de 10,2% em relação a 2020. Com isso, continuou sendo a sexta economia do Nordeste. Em relação ao PIB per capita, a Paraíba alcançou  a   marca   de  R$ 19.082 por habitante, em 2021, representando um aumento nominal de 9,7%, um incremento de 6,8 pontos percentuais de 2021 para 2021.

Os dados não conseguem demonstrar alguns fatores: “Por exemplo, determinar se a pobreza diminuiu"

Dados por setores
 
Em relação aos setores econômicos, no valor adicionado bruto, em 2021 os serviços representaram 80,4% seguindo como tradicionalmente o setor que possui maior peso na economia paraibana. Em seguida vem a indústria, que corresponde a 14,9%, e a agropecuária, com 4,7% da economia do estado.

Os dados não permitem identificar o que aconteceu com cada setor

Em termos de crescimento real, o setor da indústria foi o que mais avançou (9,6%), seguido do setor serviços (5,6%), em 2021. A agropecuária manteve um desempenho estável e com variação real igual a -0,5%.

Para o governador João Azevedo (PSB), os dados refletem a política de investimentos da sua gestão: “Mesmo durante um período que teve uma forte influência da pandemia, nós conseguimos manter um alto nível de crescimento que atraiu investimentos, gerando emprego e renda para os paraibanos”.

Análise dos dados

 Lucas Milanez, economista e Professor da UFPB analisou os dados para o BdF.

“A primeira informação disso é que não é o PIB em si, mas sim, a taxa de crescimento do PIB que, aqui no estado da Paraíba, está sendo melhor do que a do Brasil e de outros estados. Ou seja, a Paraíba cresceu mais do que a média brasileira e o Nordeste, então, não é que o PIB está maior, é a taxa de crescimento que foi maior do que a dos outros estados”, observa ele.

“O Brasil inteiro sofreu com as consequências da crise da Covid em 2020 e, em 2021, foi o ano de recuperação para todo mundo”, destaca.

Para ele, 2021 refletiu muito da queda de percentuais de 2020. “Quanto maior a queda em 2020, maior a recuperação - pelo menos é mais intensa a recuperação - em 2021. Isto é uma tendência, com uma volta mais intensa, quase que à normalização”, comenta Lucas.

A  reabertura e a vacinação em massa na pandemia foram cruciais para os dados: “No ano seguinte, quando as pessoas já estavam mais ou menos habituadas, digamos assim, ao que foi o processo de reabertura gradual - e depois com o início da vacinação -  contribuíram para esse crescimento”.

Para ele, no entanto, os dados não permitem identificar o que aconteceu com cada setor. “Alguns setores até que dá para analisar, como por exemplo, a indústria, quais são as  indústrias de que se fala, se é a indústria de bens, ou os primários, por exemplo, de alimentos que são indústrias mais básicas, ou se é a de calçados”, destaca ele.

Os dados não conseguem demonstrar alguns fatores: “Por exemplo, determinar se a pobreza diminuiu, esses dados não significam isso. Significa dizer que se produziu mais riqueza, porém não dá para afirmar como essa riqueza foi distribuída no estado. Os famosos rincões de pobreza que existem no interior, cidades que dependem muito de transferência governamental, essas daí tendem a sofrer menor influência do crescimento da economia como um todo. Elas dependem mais das transferências governamentais”, analisa o professor.

Ele acrescenta que o crescimento do PIB pode se dar por fatores diversos: “O crescimento do PIB pode ser pelo crescimento dos serviços públicos, por exemplo, ou então dos gastos governamentais do PIB, que é justamente o fato de que nesse período de pandemia houve aumento de distribuição de renda, transferência de renda, auxílio emergencial e etc. Tudo isso vai influenciar também no PIB dos municípios e, consequentemente, do estado. Só uma análise mais detalhada vai nos permitir saber quais são os benefícios desse crescimento. Porém, a questão é como que, de fato, isso chega para o bolso da população,  dentro da economia paraibana. Como é que  a população vai sentir essa mudança? No entanto, apenas municiados com esses dados não conseguimos averiguar esses pontos”, conclui Lucas Milanez.


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Edição: Cida Alves