Hoje é a estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo Catar 2022, o maior campeonato mundial de futebol masculino promovido pela Federação Internacional de Futebol (FIFA). No último domingo (20), o estádio Al Bayt recepcionou a cerimônia de abertura do Mundial onde, em seguida, foi dada a largada ao primeiro duelo do evento: Catar e Equador.
As trinta e duas seleções se dividem em oito grupos na primeira fase da disputa. O Brasil, que está no grupo G, tem Thiago Silva, Neymar, Richarlison e Gabriel Martinelli como alguns dos nomes confirmados para representar o país. A primeira partida acontece logo mais, às 16h, contra a seleção da Sérvia.
Pablo Bandeira é baiano, mora em São Paulo e não tem acompanhado o futebol, mas admite que a Copa do Mundo é um momento de reencontro com o esporte.
“Eu acho que o futebol diz muito do que é o gosto do nosso povo pelo esporte. Com participação também, afinal de contas, na periferia o espaço de encontro é, muitas vezes, um campinho de futebol”, declara Pablo, que se diz satisfeito com a escalação feita pelo técnico Tite. “Combinou bem experiência e renovação”.
Lucas Araújo é enfermeiro e o forte dele não é o esporte, mas também concorda que a Copa do Mundo é especial. “Eu me recordo de, ocasionalmente, em dia de jogo da seleção assistir aos jogos da Copa com os amigos e com a família, apesar de não gostar de futebol”.
Cada torcida é um mundo
Apesar de vestir a mesma camisa e de dar as mãos pelo Brasil, torcedor não é tudo igual. Cada um tem o seu ritual quando o assunto é torcer. Tem o torcedor religioso, aquele que acende a vela e reza. Tem o torcedor que prevê futuro e arrisca toda sorte no placar e tem até torcedor dorminhoco, aquele que aproveita o jogo para tirar uma sonequinha.
Este é o caso de Lucas, que assumidamente não faz planos. “Eu ainda não sei nem quais são os dias de jogo. Então, essa é uma pergunta que eu não sei te responder. Se eu tiver com alguém, a gente pode até assistir, mas se eu estiver sozinho, talvez, eu vá dormir e esperar o resultado depois”, confessa aos risos.
Esta não é uma opção para Pablo, que pretende acompanhar de perto todos os jogos da seleção. Em Copa do Mundo, ele gosta mesmo é da muvuca.
“Eu gosto de ir para casa de amigos ou para um boteco. Lugares que dá para aglomerar um pouco. A gente ficou tanto tempo sem poder fazer isso. Sempre que a gente puder encontrar pessoas, amigos, é legal”, destaca.
E no futebol vale tudo, inclusive, previsões futuristas. Pablo acredita que o Brasil vencerá de dois a zero contra a Sérvia, mas reconhece que não será um jogo fácil. “Eu acho que vai ser um desafio. A Sérvia é um país que tem certa tradição no futebol, mas a gente sempre acredita na vitória e na seleção brasileira”, conclui confiante.
Lembrança amarga?
Sem traumas pelo fatídico 7 x 1 que o Brasil levou na final da Copa de 2014 contra a Alemanha, o otimismo de Pablo vai além do primeiro jogo.
“Eu acho que a seleção está vindo com uma boa composição e com o astral da nossa torcida, acho que vai também impulsionar a nossa representação para batalhar pela taça”, ressalta.
Na Alemanha, o Brasil também tem torcida. Lasse Holler é um alemão aliado do Brasil e que, em Berlim, faz planos de procurar por um bar brasileiro para assistir a Copa com mais emoção.
“Nos jogos do Brasil eu vou sempre torcer para o Brasil, mas nos jogos da Alemanha eu vou torcer para Alemanha, afinal eu sou alemão. Meu coração bate por minha seleção”, ressalta.
Lasse morou quase dez anos no Brasil. Radicado no Rio de Janeiro, na Copa de 2014 ele estava no Maracanã e trabalhava para a seleção. Reuniu-se com amigos brasileiros para acompanhar a partida e até o três a zero ele nos conta que curtiu e comemorou, mas depois o clima foi constrangedor.
“As meninas aos prantos. Quatro a zero. Cinco a zero. Todo mundo chateadíssimo e eu me sentindo muito mal. O único alemão com camisa da Alemanha naquela sala. Eu não conseguia ficar feliz com a vitória. O Brasil perder no ano em que era o anfitrião da copa. Foi muito ruim”, relembra.
O verde e amarelo de todos os corações
Vestir a camisa é algo que, literalmente, todo torcedor caloroso gosta de fazer. Em uma espécie de reintegração de posse das cores nacionais, o verde e amarelo reaparece, agora, nos holofotes e fora do contexto político partidário.
Pablo reconhece que muita gente evitou usar essas cores juntas por receio de parecer defensor de uma determinada ideologia política, mas comemora esse novo contexto dentro de um amor genuíno pelo esporte e pelo país.
“É Copa do Mundo. É demonstração de apoio à seleção brasileira. É demonstração também de patriotismo. Querendo ou não, a Copa do Mundo é momento de encontro entre as nações. Então, acho super importante usar o verde e amarelo”´, declara Pablo.
Nisso, Lucas também concorda. “Nos últimos meses a gente tem também um movimento crescente de resgate das cores verde e amarelo, da camisa da seleção, da bandeira nacional e eu acho que todo esse movimento vai contribuir para que a partir da copa a gente retome essa vibração”, finaliza.
Edição: Lorena Carneiro