Bahia

Povos tradicionais

Exposição em Salvador reúne obras de artistas indígenas renomados de diversas regiões do país

"Hãhãw: Arte Indígena Antirracista" fica em cartaz até dia 02 de dezembro no Museu de Arte Sacra (MAS)

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
A exposição reúne obras de 12 artistas do norte, nordeste e centro-oeste do país - Alfredo Portugal

A exposição Hãhãw: Arte Indígena Antirracista traz à Bahia alguns dos maiores nomes da arte indígena contemporânea do país. Em cartaz no Museu de Arte Sacra (MAS) da Bahia, as obras podem ser visitadas até o dia 2 de dezembro, de terça a sexta, das 10h às 18h. No ano da celebração do bicentenário da Independência do Brasil e do centenário da Semana de Arte Moderna, a exposição pretende trazer ao público narrativas também brasileiras que ficaram de fora desses grandes marcos históricos de formação do país.


A exposição faz parte do projeto Culturas de antirracismo na América Latina (CARLA) / Divulgação

Uma das artistas expositoras, Olinda Yawar Tupinambá, afirma que a exposição é um marco para visibilidade dos artistas indígenas em terras baianas.

“A ocupação simbólica desses espaços representa um recontar da história através dos indígenas. Eu acredito que esse trabalho é um pontapé inicial pra gente mostrar para o estado da Bahia a importância dos povos indígenas, a presença dos povos indígenas na Bahia e que nós estamos produzindo, que somos contemporâneos. Nós estamos aqui”, acrescenta.

Para Olinda, essa é uma oportunidade de iniciar uma discussão sobre qual a importância que a arte tem para o estado, para a população, e também sobre a diversidade de artistas que estão construindo esse cenário atual na Bahia.

“Aqui está uma parte, uma parcela desses artistas, mas tem muitos outros. A gente só precisa que o estado reconheça e possa se abrir pra essas novas possibilidades, esses novos mundos, esses novos olhares”, diz. E ressalta ainda que a exposição traz ao público um grupo de artistas que se impõe enquanto um povo que foi invisibilizado e que está cobrando esse espaço.


A exposição está em cartaz de terça a sexta, das 10h às 18h / Alfredo Portugal

A exposição reúne obras de 12 artistas – Arissana Pataxó (BA), Denilson Baniwa (AM), Ezequiel Vitor Tuxá (BA), Gilcéria Tupinambá (BA), Gustavo Caboco (RR), Irekran Kaiapó (PA), Juliana Xukuru (PE), Naine Terena (MT), Olinda Yawar (BA), Yacunã Tuxá (BA) e Ziel Karapató (AL) –, que tratam de diferentes dimensões do racismo e do colonialismo, ontem e hoje. E traz também dimensões da vida indígena em diversos territórios do Brasil, contando sobre memórias coletivas, denunciando opressões e mobilizando lutas. 

O MAS não foi escolhido aleatoriamente para abrigar as obras: o museu já abrigou um convento da Ordem dos Carmelitas Descalços, que representa, em termos históricos, marcos da colonialidade em Salvador. Olinda explica que fazer a exposição ali é um ato de retomada daqueles espaços. “A principal questão aqui é retomar esses espaços e estar ali enquanto corpo físico demarcando, trazendo também a memória daqueles que já se foram”, acrescenta.

A exposição Hãhãw é fruto do projeto Culturas de antirracismo na América Latina (CARLA), sediado na Universidade de Manchester, no Reino Unido, com participação das universidades latino-americanas Universidade Federal da Bahia, Universidade Nacional da Colômbia e Universidade Nacional de San Martin (na Argentina).

Edição: Lorena Carneiro