Pernambuco

SÃO JOÃO

Após 2 anos de espera, as quadrilhas retomam seu espaço nos festejos de São João

Em todo o Nordeste, as Juninas já estão em contagem regressiva para se apresentarem em quadra

Brasil de Fato | Recife, PE |
A cearense Junina Babaçu se apresenta há mais de 30 anos e não contém a ansiedade de voltar às quadras - Divulgação/Secult/Felipe Abud

As festas juninas serão retomadas presencialmente após dois anos suspensas em função da pandemia de Covid-19, o que tem gerado muita emoção para quem faz parte das quadrilhas juninas. Faltando menos de um mês para as apresentações em quadra, as juninas já estão em contagem regressiva, com as coreografias ensaiadas e na reta final das preparações.

Uma delas é a Quadrilha Junina Babaçu que é tradicional do Ceará e, em 33 anos de história dentro de quadra, já representou o bumba-meu-boi, a força nordestina, o baião “made in sertão” e agora vai contar o manifesto cultural criado pelo escritor Ariano Suassuna, o Movimento Armorial.

Taywan Ramires é diretor da Junina Babaçu e conta como tem sido a preparação que começou em setembro de 2021. "Nós dividimos o nosso grupo em vários subgrupos. Nós temos ali 10 subgrupos em que nós dividimos os brilhantes para que eles fizessem aulas com os grupos folclóricos. Então uma parte do grupo estava fazendo maracatu, uma parte fazia caboclinho, uma parte cavalo marinho, uma parte forró, uma parte xaxado, uma parte fazia reisado. Então a gente trouxe esse enriquecimento cultural para dentro da Junina Babaçu para que eles conhecessem os movimentos culturais para que a gente começasse a trabalhar em si a quadrilha mesmo e eles entendessem o que nós estávamos construímos”, explica.

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Quem representa o Piauí no Festival de Quadrilhas Juninas do Nordeste é a Luar do São João, de Teresina, que foi a campeã na última edição do festival, em 2019, com o tema “País Tropical, São João Tropicália”.

Para 2022, cada detalhe foi escolhido com cautela para criar o espetáculo que vai falar da iguaria mais conhecida no Nordeste: o cuscuz. "A gente vai falar esse ano de 2022 sobre “o cuscuz nosso de cada dia”, vamos falar desse alimento que arrebata o nordestino, que arrebata o nosso povo. Um alimento tão simbólico aqui da nossa região e a gente vai trazer essa iguaria para o arraial. Então a gente teve que preparar tudo do zero. Enredo, figurino, musicalidade, repertório, e a gente está num ritmo frenético de produção desse grande espetáculo”, aponta o diretor da Junina, Ramon Patrese.

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Já no Rio Grande do Norte, a Quadrilha Lume da Fogueira, de Mossoró, vai apresentar o tema “A Última Carta de Amor”, que é uma história de amor de pai para a filha. Ao mesmo tempo, eles pretendem relembrar de forma saudosa os companheiros quadrilheiros perdidos para a Covid-19 nos últimos dois anos.

“O que a gente está guardando segredo para o público que vai ter que assistir é: ‘o que será que tem nesta carta?’ O que tem na carta é o que transformou o nosso espetáculo em um meio junino e o nosso viés maior é a questão da saudade, né? Saudade dos quadrilheiros que perdemos, saudade desses dois anos de São João que a gente ficou sem, e saudade de um São João que a gente não vê mais hoje em dia", acredita Abraão Morais, presidente da Cia Lume da Fogueira.

Enquanto o Festival de Quadrilhas Juninas do Nordeste não chega, fica a expectativa para ver os espetáculos que ficaram guardados por dois anos e este ano se apresentam para o público de apaixonados pelo São João.
 

Edição: Elen Carvalho