Pernambuco

ANTIRRACISMO

Movimento Negro Unificado (MNU) realiza seu 19º congresso nacional em Recife (PE)

Encontro vai até domingo (15); objetivo é construir novas estratégias para o combate ao racismo e ampliar alianças

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Evento também discute a atualização do Plano de Lutas do MNU e elege a nova Coordenação Nacional - Dandara Barbosa

Reunindo mais de 350 delegados e delegadas de todos os estados do Brasil, o Movimento Negro Unificado (MNU) realiza dos dias 12 a 15 de Maio em Recife (PE) o seu 19º congresso nacional.

Com o lema  “Aquilombar é preciso: 522 anos de construção, crescimento e resistência pelo legado de  Dandara e Zumbi com a lança nas mãos”, neste ano, o congresso do MNU leva o nome de Luiza Bairros, a primeira coordenadora nacional do MNU, e considerada uma das mais importantes militantes e pensadoras da luta antirracista no Brasil.

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Além de debater novas estratégias para o enfrentamento do combate ao racismo, um dos objetivos do congresso é ampliar a mobilização da militância; fortalecer a luta antirracista, contra todas as formas de discriminação, ampliar a relação do MNU com os movimentos sociais, tanto nacionais quanto internacionais; atualizar o Plano de Lutas do MNU e eleger a nova Coordenação Nacional. 

Ieda Leal, coordenadora nacional do MNU saúda a realização da atividade em Pernambuco, que fez parte do Quilombo dos Palmares. “Reunidos em Pernambuco, na terra de Zumbi e Dandara, na luta antirracista, antifacismo, contra o machismo, e contra todas as violências que o povo negro vive, nós vamos aqui nas diversas mãos, corpos, mentes e corações reunidos, e queremos dizer para o Brasil que o MNU  tem muito a contribuir com o desenvolvimento do nosso país. Nós queremos e vamos ocupar os nossos espaços na nossa sociedade, para isso é necessário construirmos um projeto de reparação. Precisamos dar o tom na luta contra o racismo”, afirma.

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Milton Barbosa é um dos fundadores do MNU, e conta emocionado que a entidade historicamente faz o papel de enfrentamento do racismo e da reestruturação da população negra. “O MNU existe para ações e intervenções políticas. Atualmente existem avanços de estruturas de debates sobre a juventude negra, lutas por cotas, reparação histórica, entre outras bandeiras. E hoje vejo militantes antigos e a juventude incrível fazendo a política”, enfatiza o fundador.

O Movimento Negro Unificado 

O Congresso celebra a trajetória de uma entidade pioneira na luta por cidadania plena e democracia racial. Criada durante a ditadura militar, o Movimento Negro Unificado foi fundado no dia 18 de junho de 1978, e lançado publicamente no dia 7 de julho do mesmo ano no Teatro Municipal de São Paulo. O ato de lançamento representou um marco referencial  histórico na luta contra a discriminação racial no país.  


Primeiros atos do MNU na década de 70 denunciavam o mito da democracia racial no Brasil / Jesus Carlos/Memorial da Democracia

Entre episódios que marcaram a criação do MNU está a prisão, tortura e morte do trabalhador Robson Silveira da Luz, que fora acusado de roubar frutas em uma feira. Preso e torturado, Robson veio a falecer em função das agressões sofridas. Além deste crime, outro fato contribuiu para a criação do MNU foi discriminação racial sofrida por quatro jovens do time  infantil de voleibol do Clube de Regatas Tietê.

Assim, o MNU é uma entidade nacional de caráter político, democrática e autônoma, sem  distinção de raça, orientação sexual, identidade de gênero, escolaridade, convicções religiosas  ou filosóficas, que visa combater o racismo, o preconceito de cor e as práticas de discriminação racial, em todas as suas manifestações, buscando construir uma sociedade da qual sejam  eliminadas todas as formas de exploração.  

Edição: Vanessa Gonzaga