Bahia

REFORMA AGRÁRIA

MST inicia marcha de Feira de Santana até Salvador com 3 mil pessoas nesta segunda (11)

Com lema “Reforma Agrária Popular: por Terra, Teto e Pão” movimento denuncia a violência no campo e defende a democracia

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
A marcha faz parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária. - Jonas Souza

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deu início nesta segunda-feira (11) à marcha estadual pela Reforma Agrária na Bahia. Com cerca de 3.000 trabalhadores e trabalhadoras assentados e acampados de todo o estado, a marcha saiu de Feira de Santana em direção à Salvador, percorrendo em torno de 110 km, entre os dias 11 e 19 de abril. A marcha tem o objetivo de denunciar à sociedade baiana a paralisação da Reforma Agrária, o aumento da violência no campo, bem como o agravamento da crise econômica no estado e em todo o país.

A agenda faz parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que tem como pautas a defesa da terra, o direito à moradia e contra a fome, que atinge mais de 19 milhões de pessoas no Brasil. Acontece no Abril Vermelho, momento em que os Sem Terra de todo o país realizam ações no mês que aconteceu o Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, no Pará, onde 21 trabalhadores rurais foram assassinados.

Lucineia Durães, da Direção Nacional do MST, explica que o movimento está retomando as marchas na Bahia, ao mesmo tempo que pontua que, mesmo nos dois anos de pandemia, o movimento não parou de lutar, resistir e produzir. “Nós não conseguimos parar por conta da perseguição do governo Bolsonaro. Durante toda a pandemia foi enfrentando as arbitrariedades do governo, da Força Nacional, até a fome. Mas nós decidimos que não é possível continuar nos assentamentos enquanto o nosso povo está sendo morto”, ressalta Lucineia. 


Foto: Jonas Souza

A dirigente diz que os Sem Terra estão em marcha para denunciar a violência no campo e as consequências da concentração de terra no Brasil. “Para denunciar a paralisação da reforma agrária, que por si só é uma violência, porque este país tem uma das maiores concentrações de terra do mundo, tem a metade do seu povo passando fome, e nós viemos marchar de Feira de Santana até Salvador, para dizer que nós vamos assumir a responsabilidade de produzir alimentos saudáveis, de continuar lutando para a concretização da Reforma Agrária e para que a gente possa restabelecer a democracia no nosso país”, reforça Lucineia.

Os trabalhadores e as trabalhadoras Sem Terra irão percorrer algumas cidades no trajeto, com o lema “Reforma Agrária Popular: por Terra, Teto e Pão”  e denunciar o assassinato dos militantes Fábio Santos e Márcio Matos, anunciando a importância da Reforma Agrária. “A nossa marcha é pela Reforma Agrária Popular, por Terra, Teto e Pão. Essa falta que clama o povo brasileiro em todos os lugares do Brasil, e na Bahia não é diferente. E como nós dizemos no hino do Dois de Julho, ‘com tiranos, não combinam brasileiros, corações’”, conclui Lucineia.

Estão previstas ainda atividades de solidariedade, plantio de árvores e denúncia contra o modelo de produção do agronegócio. Além de processos de formação e debates em torno de temas da conjuntura durante os nove dias de marcha.
 

Edição: Elen Carvalho