Rio Grande do Sul

AMEAÇA

Jornalista de Tapes registra Boletim de Ocorrência contra vereador da cidade

João Amaral recebeu um áudio que circulava nos grupos de WhatsApp da cidade com ameaças do vereador Brizolinha

Brasil de Fato | Tapes |
Jornalista de Tapes foi ameaçado após matéria sobre projeto de lei que aumentou o número de cargos de confiança e troca dos valores e numéricos dos CCs e FGs - Arquivo pessoal

O jornalista João Amaral, editor do Portal A Notícia de Tapes, município às margens da Lagoa dos Patos, registrou um Boletim de Ocorrência na manhã desta terça-feira (15) contra ameaças recebidas do vereador Nilton Pires de Quadros (PL), mais conhecido como Brizolinha.

Na noite da última quinta-feira (10), o jornalista recebeu um áudio que estava circulando nos grupos de WhatsApp da cidade, de autoria do vereador, onde o mesmo dizia “enfio a mão na cara desse João Amaral e nem doutor tira, dou-lhe um soco nesse infeliz e atravesso lá na nuca, uma imundícia dessas...”

Escute o áudio:

Segundo o jornalista, a reação se deu devido a uma matéria publicada no site sobre projeto de lei aprovado pela maioria da Câmara de Vereadores onde a Prefeitura de Tapes aumentou o número de cargos de confiança e troca dos valores e numéricos dos CCs e FGs, e o PSOL, partido do qual é secretário geral e integrante da Executiva Municipal de Tapes, publicou postagem mostrando para a população quem são os vereadores que aprovaram o referido projeto.  


Jornalista registrou um Boletim de Ocorrência na manhã desta terça-feira (15) contra vereador / Reprodução

Amaral diz estar preocupado com estes ataques fascistas com ameaças de políticos da direita que não respeitam a democracia e a pluralidade de ideias. “Repudiamos que o ódio esteja sendo a arma ideológica que a extrema-direita busca para atacar e ameaçar militantes sociais e jornalistas. Ameaças estas incentivadas pelos pronunciamentos e ações do presidente Jair Bolsonaro. Não pararemos de lutar por um mundo melhor, pela defesa da liberdade de expressão e contra as opressões e preconceitos como racismo, machismo e LGBTfobia”, salienta.

:: Ataques à imprensa no Brasil batem novo recorde e Bolsonaro é o principal agressor

Em nota lançada no dia 11, o PSOL destacou a longa trajetória de militância de Amaral nos movimentos sociais na luta pela terra, como ambientalista, dos direitos do Povo de Terreiro e da comunidade LGBTI+ e também com destacada atuação partidária. “Como jornalista é onde também tem sido responsável por inúmeras matérias, denunciando crimes ambientais, descaso com a saúde pública e ações ilegais e irregulares da atual administração. Defensor da democracia e da liberdade de imprensa, o portal onde é editor se caracteriza pela sua autonomia em relação aos governos não se submetendo a lógica da mídia tradicional que se sustenta com verbas públicas que servem para domesticar a atuação da imprensa.”

Amaral esteve por 10 anos acampado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e 2 anos assentado em São Gabriel. Desde 2014, mantém o Portal A Notícia em Tapes, a partir de contribuições de seus leitores. Segundo ele, a cidade é governada pelo agronegócio, plantadores de arroz e soja, e apresenta muitas irregularidades, como os 3 milhões de litros de esgoto escoado na Lagoa dos Patos, um assunto tabu na imprensa local.

Entenda o caso

No dia 4 de fevereiro, o Portal A Notícia postou a matéria “Projeto para regulamentar o “Trenzinho da Alegria” de Garcez é aprovado pela Câmara Municipal de Tapes”. No texto afirma que “a medida serve para aumentar os ganhos dos cargos políticos ocupados por integrantes do partido do Prefeito Luiz Garcez causando aumento na maioria de seus salários.” 

O projeto foi aprovado pela Câmara de Vereadores no dia 3 de fevereiro e deverá causar um impacto financeiro, aumentando as despesas da Prefeitura de Tapes em R$ 600 mil por ano. “A maioria dos vereadores aprovaram o projeto mesmo contendo erros e irregularidades que certamente deverão ser revistos pelo Tribunal de Contas e Ministério Público. Entre os erros mais graves estão a criação de novos cargos com funções que só podem ser exercidas por servidores aprovados em concursos públicos conforme Lei Federal que não está sendo respeitada. E também a criação de Coordenações onde não existe ninguém para ser coordenado e chefias onde não existe nenhum servidor para ser comandado”, denuncia a matéria.  


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

Edição: Katia Marko