Rio Grande do Sul

MEMÓRIA

Coletivo de museus de diferentes estados brasileiros debatem definições futuras

Estimulados pelo Museu do Trem de São Leopoldo, grupo se prepara para consulta pública sobre a definição de museu

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Reunião aberta será realizada nesta terça-feira (16) pela plataforma Zoom - Reprodução Museu do Trem de São Leopoldo

O coletivo de museus ferroviários formado em 2020 a partir de debates promovidos pelo Museu do Trem de São Leopoldo promove, nesta terça-feira (16), às 19h, através da plataforma Zoom, sua primeira reunião aberta. Com o tema “Nova definição de museu pelos museus ferroviários: construção coletiva”, o evento reúne convidados, integrantes do coletivo e parceiros.

Os convidados especiais são o sociólogo Átila Tolentino, que é especialista em Políticas Públicas da Advocacia Geral da União (AGU) e ex-coordenador Casa do Patrimônio da Paraíba (IPHAN), e a historiadora e museóloga Marília Bonas, que é diretora do Museu da Língua Portuguesa e diretora ICOM-Brasil.

“Estaremos debatendo questões sobre o que define esse lugar tão amplo do museu, a fim de contribuir na consulta pública sobre a definição de museu proposta pelo ICOM (Conselho Internacional de Museus)”, destaca a museóloga Alice Bemvenuti, diretora do Museu do Trem de São Leopoldo.

A definição de museu é uma ferramenta estrutural e operativa do regimento do ICOM e de importância central para o desdobramento das ações, programas e políticas do setor museal, não só do Brasil, mas de todos os países. A primeira definição foi estruturada em 1946, por ocasião da criação do Conselho. A atual definição de museu está em vigor desde 2007.

Em 2019, na Conferência do ICOM em Kyoto, com a presença de 115 países, foi aprovada nova redação, porém foi percebido a necessidade de ampliar o debate e, neste momento, o ICOM está realizando uma consulta pública para seguir com a construção desta definição. Serão realizadas quatro rodadas de consultas, divididas em 11 etapas com término em maio de 2022.

Alice afirma que é fundamental discutir um conceito de museu a partir do século XXI. “Isso implica também rever a relação de como os museus ferroviários são vistos pelas cidades em que estão sediados. Percebe-se uma visão ainda restrita como que eles abordassem exclusivamente um tema fechado, desconsiderando aspectos da relação entre esse tema e o desenvolvimento das cidades”, aponta.

Segundo a museóloga, a abordagem que um museu pode realizar através da ferrovia é diversa e pode avançar por muitos caminhos. “Entre eles as mudanças do cotidiano e a constituição das famílias, do comércio e da exploração dos recursos naturais. Desde o conceito de tempo e de deslocamento, até as formas de exploração da mão de obra. Outro tema fundamental são as migrações e os povos que se deslocam, quando temos diferentes culturas que passam a habitar o mesmo território, não mais o de origem. O tema exige nossa atenção”, discorre.

As inscrições devem ser feitas pelo seguinte formulário: https://forms.gle/VPKQdFX9bRPzpcm59. Os organizadores convidam que os interessados colaborem respondendo as questões levantadas no formulário de inscrição.

Organização do coletivo

“Os museus ferroviários dos diferentes estados brasileiros foram agrupados pela primeira vez através do projeto #museudotremLIVE, promovido pelo Museu do Trem de São Leopoldo, ainda quando estávamos no primeiro impacto dos isolamentos decorrentes da covid-19”, recorda Alice Bemvenuti. Nesta ocasião, representantes de 13 museus de diferentes estados apresentaram suas experiências durante duas mesas de debate promovido por São Leopoldo, ainda em maio de 2020. A partir de então, o Museu do Trem de São Leopoldo estimula a formação do coletivo de museus ferroviários.

O coletivo pretende realizar algumas atividades em comum com objetivo de fortalecer o campo, mas também de ampliar a compreensão do lugar de museu pelas comunidades onde cada um está inserido. Além do evento desta terça-feira, o coletivo planeja realizar novos debates em maio deste ano por ocasião da 19ª Semana Nacional de Museu, coordenada pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM).

De acordo com Alice, o coletivo dos museus ferroviários está se conhecendo e já identifica diversos aspectos em comum. “O isolamento dos museus ferroviários pode ser melhor compreendido se aproximarmos a história da ferrovia e da museologia”, salienta. Segundo a coordenadora, essa ação de aproximação destes museus decorre das pesquisas que ela realizou entre 2013 e 2016, período em que fez mestrado em Museologia pela Universidade de São Paulo.

"É fato, que ao nos identificarmos como pares e nos aproximarmos para solucionar questões específicas, seja com relação ao campo museal, seja com relação aos abandonos, preservação do patrimônio e órgão de regulação, os resultados serão melhoras dos nossos museus ferroviários. É preciso discutir políticas públicas para esses museus, pois são públicos e para o público”, conclui.

* Com informações da assessoria de imprensa da Prefeitura de São Leopoldo


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Edição: Marcelo Ferreira