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Artigo | Psicólogas reagem à ofensiva do capitalismo via redes sociais

Simpósio busca construir rede para resistir à manipulação de processos de subjetivação e de subjetividades

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
mulher, robô
Todos que quiserem fazer parte, entrar para essa rede, basta mandar uma mensagem para o telefone do ISL (11 – 9 6578 4545) ou para [email protected], com seu nome completo e localização. - Créditos: Divulgação

Um coletivo de psicólogas e psicólogos, reunido no Instituto Silvia Lane (ISL) estão organizando de maneira inusitada o III Simpósio Nacional Psicologia e Compromisso Social. Os organizadores querem reagir a brutal manipulação de processos de subjetivação e de subjetividades trazidas pelas redes sociais, sob a aparente ingenuidade dos likes, como no Faceboock.

A decisão do ISL se deu antes de vir a público o documentário “O dilema das redes”. A proposta ultrapassa o tema que lhe é tradicional, o Compromisso Social da Psicologia, e se dispõe a contra-atacar um universo mais amplo. O tema do III Simpósio Nacional Psicologia e Compromisso Social é "Estamos sob ataque! Tecnologias de comunicação na disputa das subjetividades".

O ISL se associou à plataforma digital interlig-se.com, e com ela se propõe a formar uma rede digital, ampla e autônoma que possa agregar muita gente para pensar junto. Todo cidadão que queira compor essa falange. Aqui reside sua originalidade, transformar a realização de um simpósio, na formação de uma rede como um instrumento de resistência, com seu recorte e objetivos a serem definidos na plenária final do Simpósio.

A construção do Simpósio, associado à rede, vem se dando com a realização de eventos preparatórios com pesquisadores e discussões que qualificam seus membros e socializam conhecimentos. A rede autônoma que vem se constituindo traz a perspectiva de continuidade afirmando a necessidade de ser um ator social para a resistência.

Manipulação das informações não é novidade. Surpreende a complexidade e eficiência atual

Há a compreensão de que a manipulação das informações não é um problema novo, há registros de sua existência ao longo da história. O que surpreende é a sua complexidade, como é manejada e com que eficiência é instrumentalizada. As sociedades com acesso aos meios virtuais estão sujeitas aos seus efeitos e algumas já provaram desse veneno. Há casos mais evidentes que adquiriram maior consistência e visibilidade, onde se mostrou efetiva.

O Facebook teve grande influência no resultado da eleição do presidente Donald Trump nos EUA e no referendo do Brexit (pela saída do Reino Unido da União Europeia), ambos realizados em 2016. É claro o peso decisivo da rede social nos dois caso, os próprios coordenadores admitem.

Ana Bock, dirigente do ISL, levanta os termos em torno dos quais ela entende que deve organizar a resistência, projeto que o Instituto está construindo. “Tínhamos definido cinco fazeres com alvo nesse tema: compreender os mecanismos envolvidos; denunciar essa manipulação; encontrar formas de resistir a ela; buscar formas de anular essa manipulação; e, na medida do possível, ajudar a construir formas de utilização dos aparatos e processos baseados em inteligência artificial compatíveis com saúde mental e cidadania”.

O Colóquio propriamente dito que vai se dar nos dias 2, 3 e 4 de dezembro pela manhã, sendo que na tarde do dia 4 haverá a plenária de formalização e localização de seus caminhos, para rede. As mesas terão os seguintes temas: a manipulação da subjetividade; a invasão e expropriação das intimidades; (des)controle social sobre a inteligência artificial.

Todos que quiserem fazer parte, entrar para essa rede, basta mandar uma mensagem para o telefone do ISL (11 – 9 6578 4545) ou para [email protected], com seu nome completo e localização. A pessoa receberá o convite a partir da plataforma.

Milton Bicalho é psicólogo clínico, mestre em psicologia, e ex-presidente do Conselho Regional de Psicologia (CRP-MG)

Edição: Elis Almeida