Pernambuco

Coluna

Com popularidade em queda, Bolsonaro tem 42% de desaprovação. Mas, o que vem por aí?

Imagem de perfil do Colunistaesd
É a maior tava de reprovação do governo Bolsonaro desde o início do seu mandato - Evaristo Sá/AFP
O desgaste de Bolsonaro não nos basta. É preciso acumular forças para construir o país que queremos

No momento que sento pra escrever esta coluna, vejo uma nova pesquisa que descreve em números o que já parece óbvio nas ruas: cresce o descontentamento na população com o governo de Jair Bolsonaro. 42%, para ser exato, atribuem avaliação ruim ou péssima ao governo, enquanto totalizam apenas 28% os que acham a gestão boa ou ótima. Eu não faço a menor ideia de como alguém pode achar o governo do miliciano como “bom ou ótimo”. Mas, tudo bem, vamos partir da aceitação destes números como reais.

O governo de Bolsonaro é tão ruim que termina ajudando a outros poderes normalmente mal avaliados. É o caso do legislativo, que mesmo praticamente parado, parece trabalhar mais e melhor que o governo federal. Por fim, ainda no campo das avaliações gerais, aparecem ainda os governos estaduais muito bem avaliados, na comparação com pesquisas anteriores. Certamente, já é reflexo da conduta firme e justa da crise por parte da maioria dos governadores diante da pandemia do Coronavírus.

Aliás, nunca é demais reforçar o quanto a conduta de Jair Bolsonaro é perigosa para com a saúde do povo brasileiro. Nos acostumamos a ver impropérios ditos pelo presidente quase que semanalmente. Porém, como médico, creio que o Bolsonaro e sua milícia atingiram o auge da irresponsabilidade com as declarações que tentam minimizar os riscos e a gravidade do novo Coronavírus na saúde de cada brasileiro. Seja chamando de gripezinha, seja convocando o povo a sair às ruas, o Presidente da República termina por assumir os riscos de todo e qualquer adoecimento e morte no Brasil por conta desta pandemia.

A situação é tão crítica que chegamos ao ponto de conseguir enxergar coerência, vejam só vocês, em políticos como João Dória e Ronaldo Caiado, governadores de São Paulo e Goiás, respectivamente. Digo isso sem constrangimento, pois mesmo como ferrenho crítico destes dois, é preciso ressaltar quando há empenho no sentido de agir pela redução dos danos provocados pelo vírus em nosso povo.

E aí, neste cenário e ao som de milhares de panelas noite após noite, já é possível visualizar um governo que se desgasta e que pode não se sustentar até o final. Mas, o que vem por aí? Como se portarão os militares? E o Mourão nisso tudo? Passada a crise do Coronavírus, estas serão questões que exigirão muita reflexão por parte de todos os comprometidos com o futuro do país. O desgaste de Bolsonaro não nos basta. É preciso acumular forças para construir o país que queremos.

Edição: Marcos Barbosa