Rio Grande do Sul

ENERGIA

Seminário mostra resultados de instalação de placas solares em Porto Alegre

Com redução na tarifa e conscientização, MAB entende que iniciativa pode se tornar política pública estadual

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Famílias beneficiadas apresentaram resultados positivos do projeto
Famílias beneficiadas apresentaram resultados positivos do projeto - Fotos: Divulgação MAB

Na noite desta quinta-feira (03), aconteceu o seminário de apresentação dos resultados do projeto desenvolvido pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), de instalação de placas solares para aquecimento de água, em Porto Alegre.

A iniciativa, promovida pelo MAB e pela Associação de Proteção à Vida (APROVI), teve início em 2018 e contou com recursos do Fundo Socioambiental Casa. O projeto abrangeu as Vilas Santa Helena e Herdeiros, no bairro Lomba do Pinheiro, e se deu a partir de um amplo processo de debate a respeito do preço da luz e de integração entre as famílias participantes. A escolha das famílias beneficiadas se deu pelo critério de participação nas reuniões e engajamento na tema da energia.

Das seis placas instaladas na Lomba do Pinheiro, três foram na Vila Santa Helena e três na Vila Herdeiros. As instalações foram realizadas no método de oficinas, com a participação da comunidade e parceiros, onde eram apresentados elementos sobre a questão energética e as placas solares como uma alternativa diante das altas tarifas de energia.

O seminário ocorreu na data em que se comemora o Dia da Agroecologia e o aniversário da Petrobras, dia marcado por muita luta em todo o Brasil, em virtude do Dia em Defesa da Soberania Nacional e da Educação Pública, que contou com ampla mobilização dos setores populares em todo o Brasil.

Para Fernando Fernandes, da coordenação estadual do MAB/RS, “este 3 de outubro foi ainda mais especial para nós, que estivemos presentes no seminário, pois tratou-se de um importante momento de confraternização entre as pessoas que se envolveram no projeto ao longo de dois anos na Lomba do Pinheiro.”

Redução na conta e aumento de consciência 

Projeto é alternativa econômica viável e pode virar política pública

O momento central da noite foi a apresentação dos resultados pelas famílias contempladas, que relataram os benefícios que estão sendo vivenciados após a instalação das placas, além da compreensão a respeito das contradições da questão energética brasileira, sentidas concretamente nas altas tarifas de energia.

Conforme apontado por Elusa Gonçalves, moradora da Vila Herdeiros e beneficiada com a placa: “Nós não deveríamos pagar tão caro pela energia elétrica, considerando a grande quantidade de barragens que possuímos no Brasil.”

As famílias que receberam as placas relataram uma economia significativa nas contas de luz, por dispensar o uso de energia elétrica no chuveiro, além do maior conforto no dia a dia das atividades domésticas, pela água quente que sai diretamente da torneira, o que promove uma economia também no consumo de gás de cozinha.

Outra questão interessante é a apontada por Maria Aparecida, beneficiada na Vila Herdeiros: “A água aquecida diretamente pelo Sol tem propriedades diferentes. Ela é mais leve, energizada, sentimos a diferença quando bebemos e no banho. É revigorante!”

Luta por política pública 

Projeto piloto foi realizado na Lomba do Pinheiro, periferia de Porto Alegre 

Sobre os próximos passos, de acordo com Fernando, “o objetivo é seguir debatendo o tema das tarifas com as famílias da Lomba do Pinheiro e de outros bairros de Porto Alegre, apresentando as placas como uma alternativa viável de economia. A intenção é somarmos cada vez mais força na luta pela construção de uma política pública estadual a partir da experiência na Lomba com as placas”. Ainda segundo ele, será iniciado um amplo processo de recolhimento de autodeclarações das pessoas que são contra as altas tarifas pagas pela energia elétrica, “num movimento de luta nacional para baixar o preço da luz”.

O seminário aconteceu na COOTEPA, na Vila Herdeiros, e contou com a participação da coordenação estadual do MAB, moradores e representantes das associações comunitárias do bairro, MST, representantes da Ocupação Baronesa, Guayí (articuladora do Fundo Socioambiental Casa, em Poro Alegre), Sindipetro, o deputado Edegar Pretto (PT/RS) e delegados do Plano Diretor.

Edição: Marcelo Ferreira