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Editorial Bahia | Governo Bolsonaro quer entregar nossas riquezas

Prestes a completar 66 anos, a Petrobras sofre ameaças de privatização

Brasil de Fato | Salvador (BA) |
Relembrar a campanha “O Petróleo é Nosso” é resgatar a luta popular que mudou os rumos do país.
Relembrar a campanha “O Petróleo é Nosso” é resgatar a luta popular que mudou os rumos do país. - Petrobras

A Petrobras completou 66 anos no dia 03 de outubro. Um marco na história do Brasil e na disputa pela soberania nacional. Era um período de grande efervescência política, havia um amplo debate sobre a indústria e o desenvolvimento brasileiro, Getúlio Vargas, sobre pressão popular, já havia criado a Vale do Rio Doce e outras empresas de base estatal para impulsionar o Brasil na disputa internacional de mercado.
O petróleo já jorrava no Brasil desde 1939 no poço de Lobato, em Salvador, e, logo depois, em 1941, em Candeias. Porém, não estava definido de quem deveria ser a responsabilidade da exploração dessa riqueza. A proposta da classe política conservadora e de militares anti-nacionalistas era de entregar ao setor privado que já atuava no país, como Esso, Shell e Texaco.
A reação popular foi imediata, a população se coloca contrária a proposta e inicia a campanha ”O Petróleo é Nosso”. As grandes empresas internacionais realizam uma contra campanha nos meios de comunicação, mas são derrotadas. A campanha “O Petróleo é Nosso” vence e interrompe a participação do capital estrangeiro nas atividades petrolíferas.
Quando o Governo Bolsonaro assumiu a presidência, seu discurso de ataque as empresas estatais sobre o argumento da corrupção e da baixa eficiência esconde o verdadeiro debate da privatização que é a entrega das riquezas naturais e a perda de soberania nacional.
O Brasil é o segundo maior produtor de energia hidrelétrica do mundo, possui a maior reserva de água doce do planeta e com o Pré-sal podemos chegar a terceira maior reserva mundial de petróleo. Tudo isso sob controle do estado, que administra de forma estratégica a exploração desses recursos.
Um exemplo é a Eletrobrás, que exerce o controle do uso da água para a geração de energia mas distribui para o abastecimento humano, animal, irrigação de lavouras e lazer. As duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China, seguem processos semelhantes de defesa dos setores estratégicos através de empresas estatais, impedindo que o setor privado defina os rumos do desenvolvimento humano e da econômica de seus países.
Além de estratégicas, as estatais são extremamente lucrativas, no primeiro semestre de 2019 as cinco maiores empresas estatais do Brasil deram um lucro de R$ 60,7 bilhões e a estimativa é chegar até o fim do ano a R$ 100 bilhões, é essa grande riqueza que está em disputa. Ele poderá ir para a população ou ser usurpada pelas empresas estrangeiras sobre a conivência do governo.
Cabe o povo brasileiro retomar seu protagonismo, sindicatos, partidos progressistas e movimentos sociais tem enfrentado duras batalhas para defender a soberania nacional, mas ainda são insuficientes diante dos ataques do atual governo orquestrado pelo capital internacional. Relembrar a campanha “O Petróleo é Nosso” é resgatar a luta popular que mudou os rumos do país, forçando as camadas conservadoras a recuar e impulsionar o desenvolvimento nacional. Debate tão necessário para o Brasil de agora e do futuro.

Edição: Elen Carvalho